terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pedágio por km vai cobrar também em trecho urbano

Novo sistema pesará no bolso de quem usa as estradas da região como avenidas. O primeiro trecho a ser testado fica na Rodovia Santos Dumont (SP-075), entre Sorocaba e Campinas. Futuramente, o programa poderá ser estendido para outras estradas do Interior.

http://carsale.uol.com.br/asp/img/Apres/Pedagio-D.jpg 

16/07/2012 - 23h50 . Atualizada em 17/07/2012 - 06h00 Luciana Félix 
Motoristas que passam diariamente por trechos urbanos das principais rodovias que cortam Campinas, como D. Pedro I (SP-65), Santos Dumont (SP-75), Governador Adhemar Pereira de Barros (SP-340) e Anhanguera (SP-330), podem preparar o bolso. A cobrança de pedágio por trecho percorrido — que está em fase de teste na Rodovia Santos Dumont entre Indaiatuba e Campinas — prevê cobrança em extensões destas rodovias, utilizadas como verdadeiras avenidas, responsáveis pela ligação de bairros e distritos a importantes centros de compras, empresariais, polos de tecnologia e universidades.
O fim do deslocamento gratuito nessas vias é visto com preocupação pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que teme graves problemas de trânsito no município. A transferência de boa parte do volume de veículos das rodovias para as vias municipais — para evitar pagamento do pedágio — gerará congestionamentos, que, segundo a empresa, irão causar um verdadeiro colapso nas ruas da cidade.
Apenas na Rodovia D. Pedro I — onde estão localizados importantes acessos a centros comerciais, empresariais e de estudo — trafegam diariamente 125 mil veículos que utilizam o trecho apenas como forma de ligação para diversas áreas da cidade (veículos que não passam por praças de pedágio). Ao todo, a extensão da via no município é de 17 quilômetros — 95% dessa malha viária está em área urbana.
O novo sistema é fruto do modelo de cobrança de pedágio por quilômetro percorrido nas estradas paulistas, anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como forma de tornar a cobrança mais “justa”. A previsão do governo é que o sistema esteja em operação até o início de 2014 nas vias sob concessão. Inicialmente, a adesão dos motoristas será opcional.
Na região, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) iniciou os testes na SP-75 e está cadastrando e distribuindo tags do sistema aos moradores de Indaiatuba que estão interessados em aderir ao novo modelo. Na via estão previstas as instalações de oito pórticos (responsáveis por fazerem a leitura dos tags). Ao todo, serão 45 km monitorados de Salto a Campinas.
A agência não tem a quantidade de pórticos que serão instalados nas outras rodovias nem os valores cobrados por trechos. Afirma apenas que as rodovias terão um estudo previsto para a instalação dos equipamentos nos trechos necessários.

Insatisfação
O secretário de Transportes e presidente da Emdec, André Aranha Ribeiro, disse que a cobrança obrigatória nesses pontos será catastrófica para a cidade. “Causará um impacto extremamente prejudicial e deverá causar um colapso nas vias. As ruas municipais irão servir como rota de fuga para reduzir os gastos. Qualquer iniciativa desta natureza deverá ser feita em conjunto com o município, precedida da implantação de vias marginais sem a cobrança do pedágio.”
Para o professor do Departamento de Transporte e Geotecnia da Unicamp Carlos Alberto Bandeira Guimarães, a cobrança será mais justa, porém, o Estado deverá criar casos especiais para não gerar insatisfação coletiva de usuários. “Na verdade, vai prejudicar quem faz viagens curtas, que não paga pedágio. Mais pessoas passarão a pagar, mas valores menores. É mais justo, mas acredito na necessidade de criar casos especiais”, disse.

Motoristas criticam cobrança

Usuários dessa malha viária em trechos urbanos mostraram-se insatisfeitos com a nova forma de cobrança de pedágio. Daniel Oliveira, de 32 anos, disse que mora em um condomínio ao lado da D. Pedro I, no bairro Center Santa Genebra, e que usa diariamente as rodovias D. Pedro e Anhanguera para chegar ao trabalho. “Só de rodovia ando cerca de 11 quilômetros. O que vai acontecer é que serei obrigado a seguir por dentro do município. Pagar a mais é que não vou”, disse.
A vendedora Cleuza Sorente, de 49 anos, mora na Vila União e também utiliza um trecho grande de rodovia para se deslocar diariamente de casa ao trabalho, no Parque D. Pedro Shopping. “É péssimo. Se custar, por exemplo, R$ 2,00 ao dia, no final do mês o valor passa a ser caro, ainda mais que em shopping trabalhamos aos finais de semana. Acho que devem criar casos especiais. Não acho justo”, protestou.
A estudante Bianca Soares, de 25 anos, mora em um condomínio localizado às margens da Campinas-Mogi e disse que não quer instalar o novo sistema no veículo. “Ninguém em casa vai querer. Se puder, em caso de viagem, usaremos um único carro. Mas, imagina toda vez que sair de casa ter que pagar pedágio, será demais”, disse.

Viracopos
Apenas na SP-75, a Artesp divulgou valores e a localização dos pórticos de cobrança. Na rodovia, quem for de Campinas ao Aeroporto Internacional de Viracopos passará a pagar pedágio na ida e na volta se optar pelo sistema Ponto a Ponto. A cobrança será em dois pórticos localizados no trajeto (Km 66,7 e no Km 70,6, ambos em fase de implantação) até o terminal somará R$ 2,20 na ida e R$ 2,20 na volta, totalizando R$ 4,40 em um percurso de pouco mais de 10 quilômetros por sentido.
O trecho da rodovia que dá acesso até o aeroporto de Viracopos está recebendo, em cerca de 4 km, dois dos oito portais do novo sistema. Os pórticos se localizam, no Km 70,6, logo após a entrada para o bairro Itatinga, e a tarifa vai custar R$ 1,40. O segundo, que está instalado no Km 66,7 (a cerca de 100 metros do acesso a Viracopos), vai gerar custo de R$ 0,80. Os demais seis conjuntos de pórticos serão instalados nos quilômetros: 25,7 em Itu, 32,1 em Salto, 43,3 também em Salto, 60,8 em Indaiatuba e dois no Km 62, também em Indaiatuba. Ainda não há uma estimativa para o término da implantação de todo o sistema na rodovia

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